Cada vértebra do Espinhaço que esfria e grita de noite,
ouvida em todo planalto atlântico
perto da Bahia sudoeste,
perto do maior pequizeiro,
ali, acima e sedimentar Minas do Norte
insiste na visão: é (d)o futuro arterial corte
e outros na pele quem veem, de fronte, ao presente:
- Anunciação!
as trombetas que tocarão no estômato aberto celestial
não serão de proibidas bossas, nem de glórias ou perdão,
não decidimos ou não sabemos opinar sobre um copo de cólera
sem censura, martelados por pregos da verdade aos escancarados olhos
forjados à falta de chuva e fogo, com a caligrafia sórdida
de deus pai todo poderoso:
- não nos levaram a sério nos sistemas classificatórios
e de irrigação;
- um estado ciclópico requer ampla variação de gestão
de acordo com a região, o povo, a economia, a biogeografia,
a saúde e a educação;
- o mecanismo adoece quem nunca teve ou perde
as cobertas propriedades, capacidades e direitos das mentiras estruturais;
- é improvável tornar ou ser radical com-quem não vê o risco iminente
de não estar no topo de uma cadeia alimentar, que o mais escório:
por aí vomitam estarmos;
- boa parte do tempo é perdido, diferentemente da matéria envolvida nos processos:
a matéria é transferida, é seletiva sua conservação;
- é deprimente que boa parte de nós participou de uma cena curta, longe e ossuda, com pouca carne, com todo o sangue;
- obviamente: o martírio é a moeda que pagamos.
Não me canso de tomar sol matinal no quintal da gratuidade de pequenas peças de empórios
enquanto havia tempo e eu era sucinto
cometeria,
se fosse como agora,
que aqui em meu pescoço um fantasma sempre lambe
se, e somente se, como em matemática
estaria atomicamente particularizado,
longe;
eu pudesse mudar esse Anúncio,
eu soubesse contar, fazer planos
eu pudesse plantar concreto em terra descompactada
não cometeria!
Não cometi. tão cometa, uma seta flecha à Terra
a terra úmica, preta, muito intemperizada, rica em matéria orgânica junto à decomposição com taxa alta
lágrima refeita,
perfeita utopia ou raiva justa: a ideia
porque eu sequei, seguindo meu embrião de morros rochosos e bastante primários
durante todas as estações
quando os raios solares municiam o capitalismo com todo tipo de equipamento bélico nuclear
fazem de mim "cigana-do-mato"
ou
alternanthera tenella na seca
nunca faltando coragem,
pelo suor ser fotorrespiração
resistir, não perder água
faz sentido o não chorar
pelo gado-rio-plantio-lago-mato-afago
devastado
(porque leite derramado é coisa de república mata atlântica)
me fazendo seguir, manuseando
o leme, abrupto
tardio, tropeiro
reagindo astuto
deficiente de semântica
transeunte peregrino do planalto,
dos dentes arreganhados
engolindo sem mastigar a Serra Geral, azul, de sol com sono
sem cansar de assistir as cenas que (bom) "eu já tinha gravado"
no Alto Rio Pardo
pois dessa vez eu juro que não durmo!
- nunca dormimos direito.
Isso é outro ponto
chagas ou quebranto
e para terminar com tudo
isto,
só nos resta esperar a chuva
vento médio meridiano
frio,
depois de um dia quente, de nuvem e a falta de estrelas no céu
o Rio Cedro vai encher e transbordar
indicando a necessidade de brincar com o universo:
- fazer o teto anil tenaz soluçar
por réu ou de rir;
- desestruturar e reorganizar os índices de desenvolvimento humano de todos os territórios.
Trapaceando o meu tato, fingindo não sentir
o cheiro
imensa cria de meu povo, quero nos manter eutróficos,
esverdear esse carrasco,
sempre pintar meu cabelo
trabalhar com a capacidade máxima de absorção
desaguar em todo o trópico
será ainda pré-era-da-máquina
a época próspera de produzir
tem carnaval em fevereiro
continuem, ressuscitem-se!
as rachaduras ainda somem
as injúrias foliares sumirão
façam seu jogo pra mim.