que amanhã eu caio na estrada
já escrevi uma carta de despedida pra Ana Paula
(um dia eu volto pra te buscar)
com pessimismo (eu aceito essa tara)
entendo também, assim, a complexidade do meu ar
estudei Meteorologia Aplicada
só trocaria “aos Sistemas Florestais” por “para saber voar”
chegaria rápido e seguro ao meu destino(?)
sem peleja, perrengue,
descansado menino,
mas sem histórias, com mais quilos,
sem tanto me emocionar…
pseudo-cientista, a Terceira Lei da Termodinâmica, sigo,
sendo prolixo, afirmo,
“de vez em quando penso, atrevido:
vivi mais que minhas músicas
andei mais que os meus filmes
menti mais que os meus livros (que eu disse ter lido)
fiquei doente da cabeça por minha escrita simples
enfermo do corpo por devaneios e ações tristes
moribundo,
quase senh’alma pelas palavras sem ouvintes”
um emaranhado de tecidos
alheio a tudo o que é produzido
mas provavelmente em riste
no momento crítico,
selecionando o absorvido
e concluindo o meu palpite
Alarme!
ninguém algo explica, no máximo arrisca
“o que não se torna palavra, se torna sintoma”, Freud disse
não que eu leia Freud, quem alertou foi a analista,
ser incrível, da Mata, Dra. Eliade
não que eu aceite o fragmento de uma produção
(eu, fractal que complica)
como um retalho de um vestido,
sem ver a final-obra do alfaiate
sem saber o histórico, material e os pensares
mas é isso que arrisco!
vetores com mesmo módulo e direção, em sentidos opostos
que se anulam, numa grande falsa verdade
ambos ensinam e aprendem, ganham sempre intensidade
somos uma emboleira do que ouvimos
com a prática em contraste
tudo tende, nada é,
nós mentimos sem massagem
coitado do nosso filtro
abençoada a nossa Arte
mais profundidade sempre existe
- é impossível atingir o 0 absoluto -
dizer que a natureza é perfeita é um crime
não que eu não ensinarei isso aos meus filhos
há vida nítida antes dos vultos
filha, somos tudo aquilo que lemos,
todos os lugares que andamos
o que espera é o tédio,
o que ancora é o remo,
o capitalismo dá a doença e vende o remédio:
somos certezas em agulhas
em terras povoadas por cegos
somos as mais perfeitas contradições
em busca da sobrevivência
do rompimento do estado de latência
sementes em quebra de dormência,
burlando o aparente luto
(diferente de quiescência)
sedentos pela maestria
ainda querem conhecer lugares novos, pessoas novas,
apaixonar de novo? sim, depois de tudo!
quem diria…
tocar decentemente um instrumento, dessa vez dizer mais “Ôxe!”
fazer dança ou teatro, letras ou engenharia
pegar músicas de ouvido (pau no cu do Cifra Club)
o sonho de um certo money
nunca faltar açafrão
o sonho de ser mais forte
o sonho da não-aflição
nunca mais contar com a sorte
pra isso, é óbvio, presença e calma no coração
(calma, calma, calma, calma, calma!)
de novo, sem medo, cair na estrada
23 ainda é novo,
tudo foi um grande nada
ir em busca dessas curas
ir em busca dessa alma
aceitar O Andarilho,
aceitar que nada para.
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