supondo que o espaço-tempo é uma rua
volto artista, bailarino, barman e cozinheiro, se inteiro
ou simplesmente devorado, fim!, sem apelos…
mas sabendo que alcançaria todas as notas, se fosse música
acertaria todas as esquivas, se fosse luta
pescaria a lua, de novo, por aqueles olhos negros
baixando todos os santos que meu corpo aguenta
sentado no meio-fio, arrumando briga
(discutindo com os donos pagamentos e preços)
a vida é um caos e causar sempre fisga
como anzol, que depois vem dor
(sem solidez) pois ansiedade atormenta
(sem solitude) pois tristeza chega e fica
(sem sermão) pois, por favor!!!
mesas de bares não se limpam sozinhas
“tudo que é sólido se desmancha no ar”
é mentira esse tal de amor
todos nós seremos carniça
não me venha com pudor
só almejo o que mereço
essa rua nem é minha
nem a garrafa e nem os cigarros
só a consciência de raça, classes
e de que eu não posso voltar no tempo
simplesmente perdi as chaves
meu Timberland que não foi pago
meu chip Vivo sem créditos
meu corpo negro sem físico afago
fumaçante à lua como gelo em cachaça
impactante aos envolvidos como truco alto em praça
farsante tecendo agora linhas sem nexo
tentando recobrar os sentidos
o tempo todo tentando recobrar os sentidos
martelando sempre a porra dos sentidos
os sentidos são instáveis e muito eletronegativos
Laroyê, Seu Tranca Rua, ilumine os meus sentidos
que eu sinta outros infinitos
que se eu for mamãe chora
Ana Paula Slova fica sem água e comida
Armaria Lonely Boy sem saber o que é prestígio
Agronomia lá pros ricos,
o meu povo sem escora
bem por isso Bete ora,
liga, ama, cuida, chora,
Deus, brinca, ora, ri
que esteja longe essa tal hora
Amém que seja assim!
mais tranquilo, melhor sentindo,
rua, bairro, cidade, estado, país,
quase outra espécie agora
obedecendo mãe e amigos
sem malineza
cansado de chorar
cansado de (não) ser sexy
sem boemia
focado no êxito ecológico
- que infelizmente dura pouco:
em um surto positivo -
sobrevivendo à agonia.
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