quinta-feira, 12 de dezembro de 2019

clorofilas sinceras demais para serem reais (2017)

por entre todos os avisos de tente novamente
(e todos os ônibus que atrasavam enquanto trabalhadores perdiam suas entrevistas de emprego)
leio a Angústia do planeta que me emprestou
tal camisa de força que me força a burlar
tal qual Graciliano, com relativo menor amor,
todos os resquícios dessa falsa esperança
todas as ondas difíceis de surfar
pela dificuldade de pseudo-marciano
(falta água e amor aqui)
de passado-imperfeito-verbo que assentou
para todo capital cultural que estamos a passar
além de Bourdieu, às estilhaças armadas,
definhando belém do próprio reflexo de anjo-negro-caído
(que não pensa em voltar)
concluindo teu velho questionamento de não ser de Vénus
ou de Vinho, ou um vaso (sei lá).
Só traga, bebe, rega calado (sendo dono),
multiplica! alados, riscam
arriscam e falam (sendo escravos)
teus limites às entre-linhas, tendendo como em cálculo
ao ônus da prova, às folhas caídas que se amaciam
pela inspiração de um pecado capital
pela autoafirmação de discos novos de música brasileira
pelo exagero da verdade e saudades dos seus pêlos
alivando nosso sabor carnaval
ansiedade e arroz com açafrão,
minha gata Ana Paula e meu Padim Ciço
pela luz absorvida e sua organelar excitação
edição dessa estória e superioridade racial
que, convenhamos, não pode ser real.

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