quinta-feira, 12 de dezembro de 2019

Bahia de São Salvador (2018)

desejo Itapuã, sorrateiro que sou
chego com o vento, armo a barraca
(morada na praia é a coisa mais amada)
faço fogueira e aqueço o frio que restou
compro 3 piriguete, faço amizade com 3 pivete
(só tem cerveja gelada e piva sangue bom nesse lugar)
lembrando com carinho de La Luna, meu antigo canivete
rimando de jeito pobre porque sou de exatas
sabendo que nem pra fazer conta eu sou expert
e pra isso tem fórmula, de mãos atadas, tabuadas
receita de bolo…
vai ver o mundo é mesmo dos espertos e eu só sou mais um tolo
apaixonado, inseguro, volátil, amador
que a nível de homem não ultrapassa o progenitor
menino artista que de arte só tem os cachos
escultura natural, inversa aos lisos fios da dor
por insistir na diferença do mesmo ardor
por que eu fujo sempre que não dou conta?
ah, é, não entendo de fórmulas
só queria dançar pagodão
ser chamado de david luiz
encher o cu de thc
(não vai ter mais rimas aqui)
porque perdi toda a métrica que restava na vida
perdi amigos, amor e família
enquanto no Pelô turistas fotografavam
eu ficando bravo mas me preenchendo de algo
(realmente, é linda essa cor)
com mais um motivo para descarrego
Bonfim, Abaeté, Elevador
BaianaSystem, Àttooxxá, qualquer tambor.
pena que a barraca foi deixada pra trás
o sistema é capitalista e o dinheiro não existe mais
(e olha que vendi minha alma, mas gastei tudo com San Marino)
o esquecimento agora será à todo vapor
pelo menos vou pegar minha chave, que com ela ficou
os zines um dia sairão da cabeça
um dia vestirei a tal da beca
terei níveis adequados de cortisol
comprar abadá de camarote
ver Baco cantar, se tiver sorte
com o coração emendado, ainda que com cerol
tatuagens que façam real sentido
sentir que não sou, pela polícia, oprimido
ter meu corpo beijado pelo sol
sem lembrar dos lábios mais lindos que tive o prazer de conhecer
- na Zona da Mata que mora tantos mistérios -
nunca mais esquecer:
gosto muito de plantas e animais
principalmente insetos
todos os seus jeitos sérios
indecisos, deletérios…
mas esse poema era sobre Salvador
não quero mais me arrastar na estrada ilusória de qualquer “reciprocidade”
eu não mereço uma morte lenta
nem viver bem, como talvez tu pensa
mereço morrer rápido!
ao contrário do que tu sabe
de loucura, carnaval e viagens
tentativas, cidades e beiras de asfalto.

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