sábado, 29 de fevereiro de 2020

carnaval tamareira (Phoenix dactylifera)

infelizmente não cansey de ser máquina movida a álcool, a sujo diesel
esperando a mulher acordar, uma roleta russa de lágrima ou sorriso,
um dispositivo
que bebe até se esgotar, não renovável
que brinca o carnaval mais quente da Serra do Espinhaço
que ri e se engasga no mosh + pula, dança e salva, seiva, que cai
a consciência
+ cobra
a naturalidade
autocobra
+ serpenteia
automotivo
armaria
aflorescido
e ama em latência, e tudo sobra
exagerado, expansivo demais
constrangedor/tangente
constrangido
vivo-sempre
jurando que esse é o texto derradeiro
não gosto de mais nada que escrevo
por causa do tanto meusado de artigo
por causa do impreterível limitado loop infinito +
essa vontade de gritar
por causa do norteiro sol na cabeça que nos faz falar
+ suar as toxinas
> pela falta de aparelho celular e
pela minha necessidade de estudo literário
{sou apenas um palhaço}
e máquina incandescente
neurocoleoptera construída com giz:
meu aparelho celular é de papel + celulose
de tinta, colorpunk, instrumental, de carvão
de consulta que preciso marcar (urgentemente!)
(para parar de esperar! ansioso + aflito)
O Aparelho que bebe

O Andarilho, paiaço, desfocado, performático > olha ao seu redor, porra! não se faça de besta; cê é besta, seu ingênuo - que segundo Cioran é apenas uma das formas da burrice - segura a risada e seus perdões; cê é doido ou quer 1 real??? seu pidão! é o caralho, clown, mergulhe a crown e experimente a densidade, derreta-a e compre drogas, 4.700 substâncias tóxicas, corote + uma paixão...

até não ser mais nada!

que treme, escala richter
que geme, placa tectônica
sísmico, sínico, onda, indeciso,
urbanístico
mais demorado a estar pronto
uma catástrofe, um infortúnio:
o sono além do ponto,
o descontrole, astuto, de novo;
uma quentura, um passivo desacordo:
a preocupação de não ser demagogo,
mirante de encaixe social em prosa e conto;
viajero pela sombra
> a sombra é a verdade
a cinza e a sombra;
> a cinza é o resquício
da maioria dos inflamáveis,
dos materiais incinerados,
[o objetivo das máquinas movidas a álcool]
depois das quartas mediterrâneas de queixo furado
que eu queria ouvir tudo + acho bonito
que é misterioso, feito filha única
mesopotâmica
e quem planta tâmaras não colhe tâmaras
e ninguém colherá prata
plantae de prata não existe
a sociabilidade generalista não existe
enquanto organismo
enquanto cigana selvática
filosofia absurda
exacerbada,
sim
e minhas letras manuscritas à comprova
e por isso, autônomo, encerro aqui
e juro conquanto não mais escrever
+ me alojar apenas em albergues baratos, se este júbilo continuar a ser opção única
se o medo e incômodo crescerem, infecciosa colônia fúngica
ninguém merece essa garrafa térmica
prestes a explodir
ninguém merecia o progresso pautado unicamente sob a era da máquina
que foi inevitável e possui a todos os sapiens
(eu não queria ser sapiens)
mas não sou fragmento de lanterna falsificada
nem mata primária
> só tenho rimas gastas
e repito:
me orgulho e me rasgo em meus gritos ásperos
remato pelas raízes pré-digeridas pela microbiota
mortas
depois das cinzas de quarta.

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