quinta-feira, 18 de novembro de 2021

Madrinha contou

Sobre os ônibus clandestinos 

do Retiro à São Paulo:

Armaria, nunca vi tanta gente feia reunida.


Ladraram e trucaram, respectivamente:

- Mãe com mê de merda!

- E pai com pê de paiaço!

segunda-feira, 8 de novembro de 2021

sua selva voz savana

é voz de caçador

feita pra ser só sussurrada

pra noite adentro perder, tão esguia y rápida

afora // espindurado nos galhos

cê coberto de barro, armado, armadilha divina
+ quentão ingerido no tempo frio pra espreitar a arapuca encruzilhada, o jequi submergido na garrancheira do olho d'água

são seus olhos

puxados // rasgados de flechas dos lados
q são brechas achadas pelo diabo
para todo dia flutuar na terra
andar brejo arriba
sob o céu no chão de vaga-lumes:

estrelas irrisórias dos meus esquecimentos
flores tóxicas de espirradeira
incapturáveis: diante da minha máquina fotográfica pouco potente + quebrada de queda

tão logo indescritíveis aos ausentes
tão baixos nas veredas

bioluminescentes
abstrusas de serapilheira cintilante

cravuda
guerreira
indígena

que concorda ser importante
compartilhar o estilo ninja
espistemológica, sistemática
a doçura das geraizeiras culturas.

terça-feira, 7 de setembro de 2021

no princípio era o verbo

sua mãe conhecia Queen

eu conhecia Nelson Ned, Evaldo Braga, Paulo Sérgio...

aí ela foi gostando

achou que eu era bestão

debaixo do pé-de-laranja

"quem é Bee Gees?" 

"Sorria, meu bem, sorria..." (o único negro)

domingo, 18 de julho de 2021

futuro

eu fiquei tôd' sem graça...

cê parada, na janela, 

cê me acena,

eu passân', eu bambeio, cê me óiân'

eu sorrio, cê sorri, 

<ai, meu sonho!>

cê morena, cabôca,

eu voltân' do ri

eu lavei minha cara 

lá nas águas  do Cedro

eu pulei capim, cortante

vên' as péda do presente

alembrân'... de margens passadas 

correntes, areiantes

...y luego te vi, da estrada

cê parada dênd'suacasa

enquanto o rio carece de análises ambientais

e praxis, de toda a comunidade, região.

e justiça e chuva.

...rimos alto,

trem bonito

seu corpo alumiado

clorofilas excitadas

vermelhas, de bronze

tá escrito!

{literalemente}

pero ahora

eu fique tôd' sem graça 

y solo seguí.

segunda-feira, 21 de junho de 2021

Ensurdecedores

não barulhos vibrando, ao pé de minhas orelhas, atrás das cartilagens, afetando o equilíbrio, nas veias + vertigem + ondas refratadas, mixadas, era da máquina

no momento em que eu cago, não me importo
mini-sônico, parabólico, pernas bailam,

(fios partem embora, largam campos abertos, desmatados,
no futuro a possibilidade + esperança,
trabalhados nossos caminhos, tortos, retilíneos, benevolência e paz | rebordosa e cantos prânticos)

{...} eu acho que posso morrer...
esfinge descrita, shinigami
Maurício, nome simples, Rua Belarmino,
vencer a fantasia do destino
vestindo pontualidade, clássico,
cheirando à ervas que livram do mal
que livram de ideias que tive com Ygor:
navegar
num veleiro
evacuar
deriva continental;
desfavor
fome infinita, 
gartanta de espinho, 
coroa infame de meus quereres, 
de enxame de abelha-orópa, longe... 
da terra... achar terra... terra à vista!... alucina...
tubarão... tempestade... chego em Cuba?... no Pelô... 
Boa Vista... tubarão-tigre...
qualquer terra! > levar uma arma e uma {unidade de} bala
tubarão-cabeça-chata
cessar sofrimento, se preciso for.

quarta-feira, 16 de junho de 2021

malineza

manejo menino malino o seu mel [de babosa, Aloe vera, monange]

exorcista de noite, raspada no véu

turquesa bem-te-vinda (Pitangus sulphuratus) e cinemática

+ pitanga temporã (Eugenia uniflora)

ai, se a <tomada/luz/câmera/ação> não me vomitar pra fora da órbita...

Sergipana morena manhosa, egípcia, te extraño.

me arrepiento.

Vadio de noite de cara de volta

de rock + banquin em jardim,

jasmim-manga,

arômata

que vaza

quando eu gozo

+ vejo a filmes de paletas escuras

+ vejo olhares felinos cor de amendoim (hypogaea)

similarmente embolados na casca

madrugueiros com TVs ressonantes

sotacando cada troféu

conquistado por meus deseperos

à Biblioteca Estadual + avenida Beira-mar, paralelos

eflúvios, tecnográfico/postal memorável

<remotos/esguios>, tanto quanto absortos 

(Abelmoschus esculentus)

solução de quiabo 

de choro + jaula

que encabula e enclausura

 teu tremido gostoso.

quinta-feira, 3 de junho de 2021

"Ah, é góra..."

Agora pegou, sab'.

A garrafa de azeite

esculpida no mármore da cozinha

das gasrrafas de vinho vazias no chão:

<ná'dalembrar>


na janela, som e luz direto, eu escrevendo isso

com caneta que cacei no escuro com o celular

por que não usei o celular

ao invés de papel rasgado ?

no canto de cardeno Tilibra

{ que já virou Trevo }

meus anjos de Deus me protejam

do diabo

do demônio, 

ô diaxo, desconjuro!

eu me acho, 

sou humano, 

eu me rásto, 

me dou um tái 

e me vejo sangrar

e chupo na hora, instinto, memória?, 

de una Raza Antigua

uma roça, rebanho 

que foi espaiád'.

terça-feira, 4 de maio de 2021

Goethita

Rosa amarela de meus sonhos terríferos

seara selvagem de flor & vestido

me revestindo 

de sua potência

da alegria de escalar conceitos agronômicos

das criações & dos cultivos

mágicas blandícias que rodopiam tropicais

em samba y cumbia, reino Animalia

em bola que corre em campos astrais.

terça-feira, 23 de março de 2021

"Hoje não"

Hj eu não vou dormir antes de registrar, 

por pressão, 

alguns vírus que atravessam meu sistema neurológico

todos os cabelos encravados que eu não consigo tirar y só pioro a situação

todos os sorrisos sarcásticos que, navalhas obsidianas, de rochas vulcânicas, cortam minhas pontas louras e às jogam ao mar.


Sabe, eu sou obrigado a registrar

que a minha família é isenta

que eu queria ter terminado a graduação

que eu queria um gol quadrado

branco ou azul claro

que combinasse com minha camisa social favorita

que preenchesse o vão de algumas linhas

y me levasse às quedas escondidas do meu Norte do Norte de Minas.


Meramente obrigado!

y apresento-lhes o paradoxo da ingratidão 

pois nas madrugadas Insectas eu sou passarinho

pois nos dias endotérmicos eu me flagro Reptilia.


Y se Deus me desse filhas

y o acolhimento de um povo indígena 

y a oportunidade de uma carreira científica

y uma pequena vazão da ideação suicida 

eu seria, sim, perpétua pipa

perene plantação de laranja, duradouro toca-fita

sem dor de dente, cabeça ou ouvido

sem mal-me-quero e dor-de-vida

cirurgia botânica divina:

eu seria sempre-viva.

Cabelo cor-de-fogo

Eu fiquei apaixonado
No seu cabelo vermelho alaranjado
Cor-de-fogo
Que cê fica brava quando o tom dá errado
Pela sua boca
De sorriso roxo
Pelo olhar oceânico
Em placa tectônica submarítima
Y vontade de virar animal
Porque bom mesmo é morrer bicho
Irracional
Porque bom mesmo é morrer planta
Fotossintetizando
Convertendo a luz
Em beira d'água preservada
Reprogramando
Em binário
Fractais de estrelas, de quasares
Menina marguerita
Eu tronco, na fila
Cê brasa, seu Filo:
Te quiero,    Sofia.

Final pro sonho do boi preto

A olaria

era bem ali no terreno
de Nivaldo. Ou no de Berto. Futuramente, compramos na mão de Berto. Depois meu pai trocou, por tijolos e telhas, com Nivaldo. São todos vizinhos, é um detalhe o ponto exato. O asfalto hoje passa do lado, em cima,
no aterro. 

~ 400 metros daqui de casa
e eu não esqueço de quando era pequeno
e toda noite era
o prazeroso sonho mesmo
n'outros dias, pesadelo
com meu pai no caminhão
des/carregando
(em fração)
quando eu sumia: uns 100 passos, sentido Cedro
e parava numa lagoa, que nascia o boi
me olhando

y eu só era alvo
y eu só era Arte
em contemplação
y eu não me sentia
não gritava, não corria
nada tinha y ele correspondia

e toda noite repetia
e todo hoje eu agradeço

às enchentes que abastecem as várzeas latossólicas,
às madeiras do carrasco, mortais intérpretes das chamas
e às mãos primatas, humanas
que fabricam tijolos
resultando em muralhas mágicas, de mana
decifráveis
escaláveis
memoriais

yo preciso traçar finais
amansar o boi preto que já é calmo
semi-estático
me montar no seu lombo e rodear
vou chamar de Flor-de-plástico
vou levar pra viajar.


A problemática das almas penadas consumidoras de oxigênio e emissoras de gases poluentes

hasta la luna > as ondas acalmarem, enquanto o sol não nos engolir

> y eu aind'andando pelas ruas escuras  de mim

sigo frequentemente pensando 

o que fazer pra fazer pra ganhar dinheiro

+ o que fazer pra esquecer você

{ lembrando das duas coisas, travo

desconto nos cigarros

escondo nos seu muros, ris'os meus olhos calados,

deitando pelas praças

te ouvindo em todos bares

aceso como nunca

não sinto que tudo passa }

sábado, 20 de fevereiro de 2021

Meritocracia, vinho e pão.

Que vida subalterna ando subdivindo por entre becos escuros, cidadelas y chinelos perdidos. Meus pés embaraçosos mereciam sentir o chão. 

Eu m e r e c i todas as apostas no baralho, minha lanterna azul quebrada y, de mi madre, la mas justa y amorosa humillacion.


Que projeções y dimensionamentos extremamente abstratos de um desfecho pós-ciclo de vida, ando trajando, chapéus. Meus cabelos doirados y minhas olheiras penadas já não minimizam a minha condição
de réu

primário

porque, assim como os arbitrários 
parágrafos
surgem nos meus rabiscos relatos, o meu espaço pessoal é imponente, tendendo à onipotente, y devorou todos os meus favos.

Sou abelha, sem ferrão, pero solitária, antemão, de comprometido pulmão y com passe atrasado.
Voo baixo, bacurau, sonho nada, ex astral, sinto muito, rejeição y que yo fiz tudo errado.

Mereci morrer assim
Enxerido sei que fui
Influenciável-eu sorri
Inflamável, gás-faltei

Y todo fue por mi.

Meus olhos mornos, flitos, yo abro.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2021

Escuta

Ouço, através das paredes, o incômodo de meias respostas

beirando o silêncio luminoso da Lua nova 

ou os passos tortos do meu eu+pobre+álcoolatra.

os cálculos não batem, as vozes trêmulas ressoam tardias, taquicardíacas, medrosas, sem harmonia

as contas não batem... 

eu conto ou você conta? 

eu transpasso a porta 

e meus erros escancaro? depois fujo a serpenteios largos, 

rastejando sobre o chão, mais alto

que minha dignidade 

+ minha força de vontade 

+ compromisso com a verdade?

porque sim, seu receio é nítido

[as suas ondas sonoras suspendem fracasso

suportam fiascos

cortam mais que cacos]

físico-químico

macroscópico

como meu ódio

que ressuscita toda manhã, malhando a cabeça, minha carência 

de ofício, 

+ meus vícios 

em alopáticos + nicotina + sadomasoquismo 

e a maldita inconclusão científica: graduado em papel de vítima, 

mirabolâncias seletivas 

e mudanças de vertentes, fora dos trilhos 

{amarrado no trem > amarrado nos trilhos > no controle da máquina > máquina à diesel} 

me arrependo de tudo, quero voltar a ser menino

pescar peixe no Cedro, estilingar ne passarinho

alertar a futura morte do Cedro e acerca das espécies em declínio

o espaço-tempo é uma ilusão > ilusões engolem corpos

enquanto eu engulo copos de pinga, corote, cerveja e sangue

esbarrando em outro sonho de óbito.

Sabe, acho horrível tudo que eu escrevo, 

repetitivo, carente de enredo, de sinônimos e de motivos, ora é conformismo, ora é sobre medo

nunca é tinta sobre óleo

grafite/carvão, instrumental, clássico, audiovisual, seresta, repente, criações, cultivos {cana, feijão e milho}

não é o Reis cantado aqui, o forró de todo domingo, das festas de Junho do padroeiro

Santo Antônio perdoará a minha audácia, certeza!

fechará as cortinas dessa chapada,

'que um dia eu me Retiro.