Sobre os ônibus clandestinos
do Retiro à São Paulo:
Armaria, nunca vi tanta gente feia reunida.
Ladraram e trucaram, respectivamente:
- Mãe com mê de merda!
- E pai com pê de paiaço!
Sobre os ônibus clandestinos
do Retiro à São Paulo:
Armaria, nunca vi tanta gente feia reunida.
Ladraram e trucaram, respectivamente:
- Mãe com mê de merda!
- E pai com pê de paiaço!
é voz de caçador
feita pra ser só sussurrada
pra noite adentro perder, tão esguia y rápidasua mãe conhecia Queen
eu conhecia Nelson Ned, Evaldo Braga, Paulo Sérgio...
aí ela foi gostando
achou que eu era bestão
debaixo do pé-de-laranja
"quem é Bee Gees?"
"Sorria, meu bem, sorria..." (o único negro)
eu fiquei tôd' sem graça...
cê parada, na janela,
cê me acena,
eu passân', eu bambeio, cê me óiân'
eu sorrio, cê sorri,
<ai, meu sonho!>
cê morena, cabôca,
eu voltân' do ri
eu lavei minha cara
lá nas águas do Cedro
eu pulei capim, cortante
vên' as péda do presente
alembrân'... de margens passadas
correntes, areiantes
...y luego te vi, da estrada
cê parada dênd'suacasa
enquanto o rio carece de análises ambientais
e praxis, de toda a comunidade, região.
e justiça e chuva.
...rimos alto,
trem bonito
seu corpo alumiado
clorofilas excitadas
vermelhas, de bronze
tá escrito!
{literalemente}
pero ahora
eu fique tôd' sem graça
y solo seguí.
não barulhos vibrando, ao pé de minhas orelhas, atrás das cartilagens, afetando o equilíbrio, nas veias + vertigem + ondas refratadas, mixadas, era da máquina
no momento em que eu cago, não me importomanejo menino malino o seu mel [de babosa, Aloe vera, monange]
exorcista de noite, raspada no véu
turquesa bem-te-vinda (Pitangus sulphuratus) e cinemática
+ pitanga temporã (Eugenia uniflora)
ai, se a <tomada/luz/câmera/ação> não me vomitar pra fora da órbita...
Sergipana morena manhosa, egípcia, te extraño.
me arrepiento.
Vadio de noite de cara de volta
de rock + banquin em jardim,
jasmim-manga,
arômata
que vaza
quando eu gozo
+ vejo a filmes de paletas escuras
+ vejo olhares felinos cor de amendoim (hypogaea)
similarmente embolados na casca
madrugueiros com TVs ressonantes
sotacando cada troféu
conquistado por meus deseperos
à Biblioteca Estadual + avenida Beira-mar, paralelos
eflúvios, tecnográfico/postal memorável
<remotos/esguios>, tanto quanto absortos
(Abelmoschus esculentus)
solução de quiabo
de choro + jaula
que encabula e enclausura
teu tremido gostoso.
Agora pegou, sab'.
A garrafa de azeite
esculpida no mármore da cozinha
das gasrrafas de vinho vazias no chão:
<ná'dalembrar>
na janela, som e luz direto, eu escrevendo isso
com caneta que cacei no escuro com o celular
por que não usei o celular
ao invés de papel rasgado ?
no canto de cardeno Tilibra
{ que já virou Trevo }
meus anjos de Deus me protejam
do diabo
do demônio,
ô diaxo, desconjuro!
eu me acho,
sou humano,
eu me rásto,
me dou um tái
e me vejo sangrar
e chupo na hora, instinto, memória?,
de una Raza Antigua
uma roça, rebanho
que foi espaiád'.
Rosa amarela de meus sonhos terríferos
seara selvagem de flor & vestido
me revestindo
de sua potência
da alegria de escalar conceitos agronômicos
das criações & dos cultivos
mágicas blandícias que rodopiam tropicais
em samba y cumbia, reino Animalia
em bola que corre em campos astrais.
Hj eu não vou dormir antes de registrar,
por pressão,
alguns vírus que atravessam meu sistema neurológico
todos os cabelos encravados que eu não consigo tirar y só pioro a situação
todos os sorrisos sarcásticos que, navalhas obsidianas, de rochas vulcânicas, cortam minhas pontas louras e às jogam ao mar.
Sabe, eu sou obrigado a registrar
que a minha família é isenta
que eu queria ter terminado a graduação
que eu queria um gol quadrado
branco ou azul claro
que combinasse com minha camisa social favorita
que preenchesse o vão de algumas linhas
y me levasse às quedas escondidas do meu Norte do Norte de Minas.
Meramente obrigado!
y apresento-lhes o paradoxo da ingratidão
pois nas madrugadas Insectas eu sou passarinho
pois nos dias endotérmicos eu me flagro Reptilia.
Y se Deus me desse filhas
y o acolhimento de um povo indígena
y a oportunidade de uma carreira científica
y uma pequena vazão da ideação suicida
eu seria, sim, perpétua pipa
perene plantação de laranja, duradouro toca-fita
sem dor de dente, cabeça ou ouvido
sem mal-me-quero e dor-de-vida
cirurgia botânica divina:
eu seria sempre-viva.
A olaria
era bem ali no terrenohasta la luna > as ondas acalmarem, enquanto o sol não nos engolir
> y eu aind'andando pelas ruas escuras de mim
sigo frequentemente pensando
o que fazer pra fazer pra ganhar dinheiro
+ o que fazer pra esquecer você
{ lembrando das duas coisas, travo
desconto nos cigarros
escondo nos seu muros, ris'os meus olhos calados,
deitando pelas praças
te ouvindo em todos bares
aceso como nunca
não sinto que tudo passa }
Que vida subalterna ando subdivindo por entre becos escuros, cidadelas y chinelos perdidos. Meus pés embaraçosos mereciam sentir o chão.
Eu m e r e c i todas as apostas no baralho, minha lanterna azul quebrada y, de mi madre, la mas justa y amorosa humillacion.
Ouço, através das paredes, o incômodo de meias respostas
beirando o silêncio luminoso da Lua nova
ou os passos tortos do meu eu+pobre+álcoolatra.
os cálculos não batem, as vozes trêmulas ressoam tardias, taquicardíacas, medrosas, sem harmonia
as contas não batem...
eu conto ou você conta?
eu transpasso a porta
e meus erros escancaro? depois fujo a serpenteios largos,
rastejando sobre o chão, mais alto
que minha dignidade
+ minha força de vontade
+ compromisso com a verdade?
porque sim, seu receio é nítido
[as suas ondas sonoras suspendem fracasso
suportam fiascos
cortam mais que cacos]
físico-químico
macroscópico
como meu ódio
que ressuscita toda manhã, malhando a cabeça, minha carência
de ofício,
+ meus vícios
em alopáticos + nicotina + sadomasoquismo
e a maldita inconclusão científica: graduado em papel de vítima,
mirabolâncias seletivas
e mudanças de vertentes, fora dos trilhos
{amarrado no trem > amarrado nos trilhos > no controle da máquina > máquina à diesel}
me arrependo de tudo, quero voltar a ser menino
pescar peixe no Cedro, estilingar ne passarinho
alertar a futura morte do Cedro e acerca das espécies em declínio
o espaço-tempo é uma ilusão > ilusões engolem corpos
enquanto eu engulo copos de pinga, corote, cerveja e sangue
esbarrando em outro sonho de óbito.
Sabe, acho horrível tudo que eu escrevo,
repetitivo, carente de enredo, de sinônimos e de motivos, ora é conformismo, ora é sobre medo
nunca é tinta sobre óleo
grafite/carvão, instrumental, clássico, audiovisual, seresta, repente, criações, cultivos {cana, feijão e milho}
não é o Reis cantado aqui, o forró de todo domingo, das festas de Junho do padroeiro
Santo Antônio perdoará a minha audácia, certeza!
fechará as cortinas dessa chapada,
'que um dia eu me Retiro.